9% dos PMs de Goiás tiveram Covid-19.
Corporação já perdeu 28 agentes para o coronavírus. Orientação dos gestores para suspensão das atividades em caso de sintomas, mesmo sem resultado positivo de exame.

O feriado prolongado de 7 de setembro impactou a Polícia Militar do Estado de Goiás. Entre sábado (5) e segunda-feira (7), cinco integrantes da corporação que conta com 12,1 mil militares na ativa (conforme dados do Portal da Transparência), perderam a luta para a Covid-19, doença provocada pelo coronavírus (Sars-CoV-2).
Somente neste mês foram oito óbitos de militares. Desde março, quando surgiram os primeiros casos da doença em Goiás, 28 membros da PM goiana morreram, 15 deles na ativa. Até esta terça-feira (8), havia a confirmação de 1.094 casos de Covid-19 entre os militares. Cerca de 9% do total.
“O principal impacto é o psicológico. Nosso pessoal está com medo porque não tem como ficar em casa. Ele atua na linha de frente, não tem como ficar em casa, não tem como deixar de ir a uma ocorrência”, afirma o chefe da assessoria de comunicação da PM, tenente-coronel Allan Pereira Cardoso.
Segundo ele, desde o início da pandemia foi criado um comitê gestor para tratar das questões relativas à Covid-19 e tomar as providências necessárias, como oferta de equipamentos de proteção individual (EPIs), orientação médica, informações internas para evitar a disseminação do vírus e testagem em massa.
Embora desde o início da pandemia 1.652 atestados médicos para afastamento do trabalho tenham sido emitidos, o tenente-coronel Cardoso não acredita que a medida tenha refletido na segurança pública. “Ao contrário. Caiu a violência em Goiás no último trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado. E isso ocorreu não apenas porque há menos pessoas nas ruas, mas também pela ação da Polícia Militar.” O Chefe da assessoria de comunicação da PM explica que o afastamento é uma orientação do comando de saúde para todos aqueles que apresentem algum tipo de sintoma que pode estar associado ao coronavírus, mas não necessariamente positivado.
Neste momento há 246 militares afastados do trabalho, destes 112 fazem tratamento domiciliar e seis estão internados. “O comitê gestor é formado pela Fundação Tiradentes, que presta assistência social aos militares e seus dependentes, pelo Hospital da Polícia Militar, pela assessoria de comunicação e pelo comando do apoio logístico. Logo que a pandemia começou nós ofertamos um teleatendimento para dar orientações, com profissionais do nosso hospital próprio. Em caso de sintomas mais graves a pessoa é orientada a procurar o hospital que fica na Cidade Jardim e, se for no interior, uma unidade de saúde mais próxima. Os comandantes são orientados a afastar, mesmo sem fazer o teste.”
Para se protegerem, conforma o tenente-coronel Cardoso, os policiais militares estão usando máscaras, luvas e recebem também álcool em gel. Todas as viaturas são higienizadas na troca de turno. Agora, com o aumento de casos confirmados de Covid-19 na corporação, o comitê gestor decidiu adotar a viseira, equipamento que deve ser adquirido nos próximos dias. “Muitas vezes sabemos que uma pessoa que praticou um delito está com Covid-19, mas temos de agir, é preciso pegar nele porque somos o último recurso.”
Outra ação definida pelo comitê gestor são vídeos informativos sobre a doença e lives com infectologistas do HPM. “A tropa já está muito abalada e nós tentamos levar uma tranquilidade maior, mas quando morre um policial abala muito mais porque poderia ser qualquer um”, diz o tenente-coronel Cardoso. Se é importante homenagear aqueles que partiram em razão da doença, como ocorreu na manhã desta terça-feira, a corporação procura elevar o ânimo de quem venceu a Covid-19. No Domingo (6), mesmo dia em que morreram o tenente-coronel Hrillner Braga Ananias e o 2º sargento José Dias de Sousa, o sargento Leandro Morto de Matos, lotado no Centro de Operações da capital (Copom) recebeu homenagem dos colegas depois de 81 dias internado.
Outra ação importante é a testagem em massa da tropa. Em Goiânia os testes estão sendo realizados no HPM, mas também há equipes itinerantes que estão rodando os quartéis no interior.
Fundação distribui medicamentos

A fundação Tiradentes, que presta assistência social aos policiais militares de Goiás e seus dependentes, investiu cerca de R$ 200 mil na compra de medicamentos, que têm sido distribuídos gratuitamente aos militares com Covid-19. Os remédios – azitromicina, ivermectina, sulfato de hidroxicloroquina e sulfato de zinco - , de acordo com a instituição, foram aprovados pelo corpo médico do comando de saúde da corporação.
O comandante de Saúde da PM-GO, o tenente coronel Danilo Braga, esclarece que essas medicações só são administradas depois que os policiais sintomáticos passarem por uma consulta médica. Braga ressalta que outros medicamentos são oferecidos. “Temos corticoides e anticoagulantes, que também são parte do tratamento”, relata.
Em relação ao fato de a corporação usar medicamentos que não tem comprovação científica de eficácia no tratamento da Covid-19, o comandante diz que o uso deles foi aprovado pela junta médica da corporação. “Os especialistas disseram que sim e estamos acompanhando de perto todos os policiais doentes. Até o momento não tivemos uma experiência negativa com esses remédios. Além disso, é preciso ressaltar que isso é só uma parte do tratamento. No HPM, os policiais são acolhidos e tratados desde o diagnóstico até o final do tratamento. O resultado do exame sai em 24 horas. Isso faz toda a diferença na recuperação”, esclarece.
Para a presidente da Sociedade Goiana de Infectologista, Christiane Kobal, o kit com os medicamentos mencionados não é a melhor estratégia terapêutica. “Nós, como médicos que estudamos e tratamos a Covid-19, entendemos que fornecer medicamentos que não têm nenhuma eficácia no tratamento e na prevenção da doença, pode ser bastante deletério porque pode dar uma falsa sensação de segurança a essas pessoas. Elas acham que estão sendo tratadas, que tudo vai dar certo e quando procuram assistência médica, estão com a doença avançada, com chance de cura reduzida. Essa medida tira o fosco do paciente no sentido de procurar assistência médica durante os 14 dias da doença. Esses medicamentos não tratam o vírus, não tratam a Covid-19.”
A infectologista, que está na linha de frente em vários hospitais da capital no tratamento da doença, lembra que essas medicações não têm comprovação científica para casos de Covid-19 e podem provocar efeitos colaterais, eventualmente graves. “É até ingênuo da nossa parte achar que essas medicações tratam o paciente com Covid. Se fosse assim o mundo não estaria parado, não estaria o caos que está nesta pandemia. Seria muito fácil resolver. Todos os países dariam essas medicações e tudo estaria resolvido.”
Curso Online - Clique Aqui
Grupo do Telegram - Clique e faça parte
#DesistirJamais #FamíliaIRS #polícia #policiamilitargo #policiacivilgo #agenteprisionalgo #bombeirogo #policiafederal #segurança #policiarodoviariafederal #concursopublico #concursopúblico #futuropolicial #mulherpolicial #concursospublicos #concursospúblicos #policia